maio 09, 2009

O tempo é um animal selvagem que tudo come. O tempo devorou meus dias, devora-me agora enquanto escrevo, devora você, enquanto lê. O tempo começa a comer meu fígado pela manhã quando desperto, transformando-me em Prometeu enquanto carrego minha pasta de expedientes, enquanto sento-me à mesa do escritório, enquanto desejo estupidamente que os ponteiros do relógio andem mais depressa. O tempo à tarde torna-me Sísifo empurrando infinitas pedras. O tempo devora o sentido das coisas, devora a beleza de um entardecer, mastiga minhas esperanças para depois cuspi-las como um alimento de sabor desagradável, engole com grande prazer as lamentações, a falta de direção cotidiana, a chegada da noite, e a madrugada é recebida com festa pelo tempo, que vê a si mesmo consumir, enquanto visito a morte atrás de meus olhos fechados.

O tempo é o cão das Parcas.

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