janeiro 23, 2010




Impossível, tão paradinhos, imóveis no amor frio e rápido dos insetos. Não se olham. Ficam bem quietos, sonhando com outras coisas, fazendo aquilo que tem que ser feito para logo poderem mudar de assunto, irem à missa ou tomarem o chá assim que desmancharem a beleza natural de sua posição e abandonarem um ao outro, como se não fosse nada, ora, que inconveniência!

Madalena imagina que isso é um grande momento em sua vida e calmamente ajoelha-se na calçada para ver melhor. Espanta-se com o aspecto sonhador que têm aqueles lacinhos amarelos, e com sua absoluta indiferença para com ela, Madalena, que observa indiscreta e quase não respira para não espantar o milagrezinho sedoso que ganhou de presente.

(tais presentes são só para os olhos de musgo de Madalena.)