outubro 18, 2007

De lembranças

As lembranças mais importantes, Madalena guarda-as todas em uma caixa azul (as outras ficam esparramadas como fantasmas). Vez ou outra Madalena abre a caixa azul e tira de lá determinada lembrança; remove-lhe a poeira, coloca-a no sol. Fica uma tarde inteira olhando para a lembrança que dormita no parapeito da janela, sem desconfiar que a lembrança sonha, ainda que mantenha um dos grandes olhos abertos. Sonha com Madalena. Suspira. Pensa no adiantado da hora e sente grande vontade de voltar à caixa azul. E Madalena, por sua vez (e com muita freqüência), precisa secar com o dedo uma lágrima suja de rímel e pó-de-arroz.

Nenhum comentário: