março 30, 2008

Underground

A arte existe para que a verdade não nos destrua.
(Nietzsche)


Hoje: excessos por todos os lados. Informação, miséria, dor, pusilanimidade. Escandalosas pilhas de dinheiro. O ar é sujo, quase palpável. Submundos industriais, dejetos, (pós-pós)modernidade. Padrões histéricos de beleza-comportamento-vestimenta-arte-certo-errado. Subjugados por um país-império, a gloriosa pátria do over-sized. Comendo lixo. Engolindo lágrimas. Sobrevivendo, calando, morrendo. Bombas sob nossos pés, o risco iminente, o ódio em nome de um deus qualquer. Um dia é da vacina, o outro é da doença. Bunkers, milagres, televisão. Memória em discos cada vez menores e mais potentes. Tudo tão rápido. E nós, pessoas, morrendo afogadas – o ar nos falta. Hoje: o mundo não é um bom lugar para se viver. Hoje: autodestruição. Hoje: temos tudo, e nada temos.

Hoje: maravilhas do cotidiano informatizado. Velocidade e ação. Tudo ao alcance de um clique, tudo o que você precisar, de CDs e games a amor e compaixão. Todos podemos ser artistas. O mundo é a aldeia global pretendida (ou prevista) por McLuhan. Todos estão de mãos dadas ao redor da Grande Rede. É fácil saber das coisas agora. Assistimos a nossos queridos amigos distantes e com eles nos comunicamos em tempo – tempo!- real. Tudo tão rápido. Podemos inventar moda, podemos cantar pela rua, podemos sacar dinheiro a qualquer horário. Muitos de nós, seres humanos, são livres para casar-se com quem quiserem, são livres para escolher seus governantes, são livres para decidirem sobre ter ou não ter filhos, livres para serem gays, para usarem drogas, para lerem os livros que bem entenderem. Hoje: muitos querem de verdade salvar o planeta da morte. Hoje: a Era do Cérebro. Hoje: 2008.

Hoje: é preciso, mais do que nunca, gritar.